Por Michele Calliari
Marchese
Depois de um pouso bem sucedido na Comunidade de
Toldo Velho na cidade de Ipuaçú em 2.008, os ETs fizeram uma reunião na Nave
mãe e resolveram de comum acordo fazer uma pequena avaliação do trigo que
esperava a colheita numa área de terra próxima à cidade de Xanxerê.
Os capitães das naves de reconhecimento estavam
nos preparativos finais, executando os comandos para que os terráqueos ficassem
alheios ao que acontecia no céu. Uma espécie de lacuna no tempo, como se a
pessoa “dormisse” ou tivesse um “branco”, um lapso de memória durante o tempo
que precisariam para realizar seus objetivos.
E seus objetivos não podiam ser mais claros: coletar
o máximo de gases dos grãos de trigo para fazer uma espécie de cerveja
alienígena e com ela abastecer a grande Copa Intergaláctica do Século XX.
Século XX?
Sim! Em meus estudos mais profundos, deduzi que
estamos com um déficit de no mínimo 23 anos por conta dos dias terrenos. O
solstício de inverno não é mais no dia 21 de junho como é pregado e sim bem
posterior a isso. Desde 2.008 passo o dia 21 contando as horas de iluminação
solar para descobrir parvamente que não foi o dia mais curto do ano, como
sempre desconfiei.
Mas passemos aos UFOS.
Enquanto os capitães estavam aquecendo os
motores de suas naves de reconhecimento, os cientistas estudavam a combinação
numérica do acontecimento para que os gases tivessem mais teor no momento da
sugação.
Um extraterrestre que comandava o rádio acabou
dando as instruções finais aos pilotos para que se desprendessem da Nave Mãe,
com cálculos adiantados e errôneos, pois os cientistas ainda não tinham
terminado de computar os dados precisos.
Os pequenos discos saíram dos casulos e
começaram a percorrer a área do plantio quando, no momento da lacuna temporal,
encontram diversos terráqueos portando um instrumento rudimentar e estavam
naquela área de terra fazendo um círculo grotesco.
Enquanto eles estavam em branco, os pilotos
comunicaram-se imediatamente com os cientistas da Nave Mãe que exigiram saber o
porquê da empreitada ansiosa sem o aval deles. Mas os oficiais falaram todos
juntos e acabaram por sintonizar na mesma onda de rádio as seguintes palavras
já traduzidas do ufolês: “Abortaremos a missão, abortaremos a missão. Invasão
não prevista de terráqueos. Retorno à Nave Mãe imediatamente.”
A Nave Mãe que estava a poucos metros do local
onde seria feita a coleta dos gases, recebeu suas máquinas de volta, abriu a
lacuna temporal e aguardou. Estavam curiosos.
Aquelas pessoas trabalhavam de uma maneira
brutal, estavam com os dentes a mostra em sinal de felicidade e diziam coisas
inaudíveis e ininteligíveis. Quando terminaram foram embora dando tapinhas nas
costas uns dos outros.
A Nave Mãe continuou aguardando, pois estavam
curiosos, era uma atitude muito diferenciada de tudo aquilo que já tinham visto
em outras tantas galáxias. Pegavam os grãos somente no planeta Terra, as outras
matérias primas conseguiam em outros planetas, como o pó tóxico dos anéis de
Saturno muito usado para a cura dos males do nervo ciático.
Amanheceu e o Objeto Voador Mãe acionou um
dispositivo de invisibilidade e antiferrugem — pois o sol descascava o
material usado na parte externa da nave — e ficou à espreita. Viram
os terráqueos daquela mísera cidade prestigiando a ação dos trabalhadores da
noite anterior. Destruíram toda a plantação de trigo e deixaram um rastro de
sujeira por onde caminhavam. E muitos deles diziam que era obra de um tal de
demônio.
Os habitantes da Nave Mãe passaram o dia
escondidos. Sumiram no espaço somente quando a noite ia alta. Nem abriram a
lacuna temporal porque esqueceram.
O que os cientistas alienígenas descobriram
naquela noite, que ficaram tão bravos quando as naves de reconhecimento saíram
sem o consentimento deles?
“Que sem combinação e organização não se faz
Copa Intergaláctica.”
Desse modo transferiram o evento para o próximo
século marciano, sem data prevista.
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Estas Copas Intergaláticas deveriam ser transferidas para o dia 30 de fevereiro. De qualquer ano. Adorei o conto!
ResponderExcluirConcordo, Ana! Obrigada por prestigiar nosso canto. Seja muito bem-vinda e volte sempre e querendo participar, já sabe, né? Será uma honra para nós ter você por aqui também. Abraços letripulistas, até!
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