Por Lucia Narbot
Josefa era moça pobre do
interior. Moça, mas já não tão jovem. Bonita, nunca fora. Claudicava um pouco,
resultado de um acidente na infância. Praticamente sozinha no mundo, pois os
pais já haviam morrido e ela não se dava muito bem com os irmãos. Uma amiga
aconselhou-a a tentar um emprego na capital. Disse que conseguiria para ela
trabalho em casa de família, onde ela pudesse morar. Em sua situação, tanto
fazia morar aqui ou acolá, então decidiu-se: vou.
Começou a trabalhar.
Honesta, séria, conquistou a confiança dos patrões.
Profundamente religiosa,
não perdia o culto em sua congregação. Embora analfabeta, tinha a Bíblia
Sagrada sempre à mão.
Porém... Sempre há um
porém! Mal-humorada pertinaz, gemia e suspirava o dia todo, enquanto
trabalhava. Revoltada com a vida que levava, queixava-se o tempo todo da tal
“vida madrasta”. Às vezes tornava-se insuportável. Mas, como era honesta e a
patroa precisava de alguém assim para olhar a casa e os filhos enquanto ia ela
própria trabalhar, tolerava o mau-humor de Josefa e esta ia ficando.
Sabia-se que Josefa
estava namorando um rapaz lá da igreja. Ainda assim não parecia feliz. O rapaz
era filho único de mãe doente e dominadora. Dizia que, casamento, só depois que
a mãe morresse. O que deixava Josefa cada vez mais ranzinza e mal- humorada.
Uma segunda-feira,
contrariando todos os seus hábitos, Josefa acordou alegre, cantando. A manhã
passava e ela trabalhava cantarolando. Não resmungou nem suspirou uma só vez.
A patroa, que a conhecia
bem, e estava estranhando aquela alegria, não sem uma dose de malícia e ironia,
perguntou: e aí, Josefa, sua sogra morreu?
Josefa, espantada,
respondeu: como a senhora adivinhou? Quer dizer, morrer não morreu, mas está
muito mal. Eu ia até pedir licença à senhora, para ir visitá-la no fim da
tarde.
Licença concedida, lá se
foi Josefa visitar a sogra doente.
Voltou à noite, mais
rabugenta e mal-humorada que nunca. Entre gemidos e suspiros, descobriu-se que
a velha havia melhorado, estava bem. Ainda não seria agora que o casamento iria
sair.
Alguns meses depois, o
tal namorado, mesmo com a mãe viva, casou-se com outra...
Obrigada, Lu Narbot, por participar outra vez aqui no blog. Estou muito
feliz em saber que você está, a cada dia, desbravando novos caminhos. Parabéns pelo
blog Bonecas no meu coração, volte sempre.
Abraços letripulistas,
Helena.
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