Por Lu Narbot
Mãos trêmulas, lágrimas nos olhos, mal via o que estava fazendo. Pensava
se a atitude que havia tomado fora a mais correta. Dúvidas persistentes não lhe
davam paz, martelando seu pobre cérebro cansado das labutas do dia.
A vida não é fácil para ninguém, mas sempre há os que não se preocupam
em saber se o que fizeram era certo ou errado. Não lhe ficam dúvidas morais,
éticas, sentimentais. Seguem seu caminho sem olhar para trás. Ela, não.
Preocupara-se sempre em não prejudicar, não ferir, não magoar. E saíra
invariavelmente prejudicada, ferida, magoada.
Lutara muito. Aguentara o que fora possível e, às vezes, até o
impossível. Perdoara setenta vezes sete vezes, conforme lhe fora ensinado.
Suportara a falsidade, a traição, a rispidez, a brutalidade. Com lágrimas nos
olhos e dor no coração, mas com um sorriso acolhedor nos lábios, aceitara os
pedidos de desculpas e se prontificara a recomeçar. Pensara nas crianças,
coitadinhas, e no que haveriam de sofrer. Pensara na decepção que causaria aos
pais, na preocupação deles com o que seria dela dali por diante.
Mas, enfim, dera um basta. Chegara ao limite de suas forças. Tivera que
armar-se de coragem e, a duras penas, o conseguira. Nem um dia mais toleraria
maus tratos, desrespeito, palavras ásperas, censuras. Não seria mais enganada.
Sobretudo, não aceitaria nem um minuto a mais de indiferença. Ponto final.
Partiria.
Contudo, mesmo ao arrumar suas coisas, ainda pensava se poderia ter
feito diferente, se a culpa não seria sua, realmente. Analisava onde e quando
havia errado. Haveria algo que pudesse ter feito de outro modo, para ser outro
o final?
Não fora aquele último insulto gritado lá de baixo e teria desfeito a
mala, sufocado a dor e o orgulho, engolido as lágrimas, pronta a, mais uma vez,
tentar recomeçar. Uma palavra teria bastado...
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Lu Narbot, muito obrigada por sua participação tão especial no último dia deste ano em que trouxemos à vida o Sem Vergonha de Contar.
Um Ano Novo cheio de oportunidades para perder a vergonha de contar e embrenhar-se na arte da ficção é o que desejamos aos nossos leitores e colaboradores.
Próxima rodada de convidados: fevereiro/2013. Não perca!
A versão impressa com os contos de dezembro em breve estará à disposição.
No mais, Feliz 2013!
Helena e Michele.
Helena, obrigada pela oportunidade e por confiar em meu trabalho. Feliz Ano Novo!
ResponderExcluirNós é que agradecemos a sua participação em nosso Blog, Lu, fechando brilhantemente o ano que acabou de passar! Feliz Ano Novo a todos nós e volte sempre que desejar, nossas páginas estão sempre abertas para você. Um abraço fraterno e até a próxima!
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