terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Piolhento



Por Michele Calliari Marchese

Pois que o Otavinho chegou em casa naquela tarde coçando a cabeça de arrancar os cabelos. Dava dó de ver o menino se esfregando todo, com as unhas sujas de terra e depois com a ponta da faca do pão.
Chegava a chorar o coitado, de tanta coceira e de tantos piolhos que acabavam por saltar do seu coro cabeludo para nunca mais serem vistos. O problema era que o pobre estava infestado.
A mãe, com medo que os piolhos pulassem nas outras cabeças da casa, tratou de lavar bem o menino, pentear os cabelos com o pente mais fino que se tem notícia e depois fumegou tudo com um pó branco vendido numa latinha que quando a tampa era apertada fazia um barulho gostoso. Era perigoso aquilo, mas os piolhos eram muito mais.
Tinha a filha de 15 anos com os cabelos batendo na cintura e uma piolheira por lá seria um desastre e faria com que a menina não arrumasse mais casamento.
Naquela noite todos os piolhos morreram e foi com alívio que a mãe constatou que ninguém mais havia pegado aquela peste do cão. 
Porém no dia seguinte, o Otavinho apareceu na cozinha, chorando em bicas com os braços estendidos numa óbvia demonstração de abandono. Dizia que lhe doíam os braços de tanto coçar e que não sabia mais o que fazer para acabar com aquele inferno.
A mãe raspou o cabelo do filho contrariando as ordens do marido, enrolou tudo num jornal e botou fogo, para que os piolhos morressem de uma vez.
Pois os piolhos reapareceram na cabeça raspada do Otavinho. Que tristeza ver aquela cabeça nua cheia de pontinhos pretos, como uma doença. E quem via achava tratar-se mesmo de alguma coisa que o pequeno havia pegado.
Passou a semana fumegando a cabeça, lavando de meia em meia hora, até que resolveu levar benzer.
O marido que não acreditava em benzimentos e coisas de outro mundo, tratou de desdizer o dito e ainda debochou da mulher. Mandou que ela o levasse primeiro no protético, já que o médico só viria dali uns quinze dias. Não restou outra alternativa a não ser levar o piolhento no protético, que por fim, disse não poder fazer nada com aquela infestação e tinha a porta quase fechada e não deixou que eles entrassem para uma verificação in loco.
Nem foi para casa. Apertou o menino no braço e levou o pobre se coçando, arrastado pela estrada. Quando chegou na benzedeira, ela já foi logo perguntando se eles haviam participado de algum velório antes dos piolhos atacarem o Otavinho.
“Claro que sim.” Lhe disse a mãe coçando o menino que já não aguentava mais levantar os braços à cabeça. “Foi do Inácio, lembra?”
A benzedeira disse que sim. Que lembrava ter visto um piolho por lá, mas como era dada às rezas o piolho não se atreveu a pular nela. Mas pulou no pequeno. E disse então àquela mãe cansada, que piolho que se pega em velório é a pior peste existente na face da terra.
A mãe lhe pediu se era possível curar o filho já definhado e com amarelão de tanto bicho que tinha na cabeça.
Sim, era possível. Que o pequeno aguentasse um pouco mais, até o próximo velório. Quando soubessem da morte de alguém, era para a mãe pegar um dos piolhos do Otavinho, guardá-lo num papel bem enroladinho e soltar lá, no meio do velório que pronto! O Otavinho se livraria daquela praga dos diabos.
O Otavinho afinal abriu a boca para perguntar se podia ser velório de bicho, já que tinha morrido o cachorro da família e a benzedeira disse que não, só em velório de gente e a mãe pediu se podia ser em velório de jagunço e ela respondeu que sim, jagunço também é gente.
Todos os dias a mãe corria até a igreja para saber se alguém tinha morrido e ao cabo de 20 dias o delegado encontrou um corpo abandonado na beira do Rio Xanxerê e iriam enterrá-lo sem mais demora. Mas com o imbróglio do benzimento, a mãe do Otavinho fez um levante entre as mulheres do apostolado exigindo o velório daquele morto. O Padre achou estranho, mas resolveu atender os pedidos e quando as exéquias apenas começaram, o Otavinho foi lá, fez o sinal da cruz e jogou o papelzinho com o piolho dentro, no chão, mais precisamente debaixo do caixão.
A mãe, feliz, deu por encerrado o benzimento e disse que já podiam enterrar o indigente se quisessem, e saiu do velório olhando a cabeça do menino.
No dia seguinte o Otavinho estava livre da praga, o morto enterrado e o Julinho, filho da vizinha, empesteado de piolho.




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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Não lhe conheço



Por Michele Calliari Marchese

A Virginia era uma mulher que nutria grande desprezo e um pouco de ódio ao marido. Tinha casado naqueles termos de conluio de pais, prometida desde pequena para um futuro mórbido.
Logo depois da lua de mel, o marido bruto arrumou emprego de caminhoneiro, levando a madeira extraída na região até o Rio Uruguai. Uma viagem de uma semana no máximo e o dito cujo levava um mês para voltar para casa, e voltava sem dinheiro. Nos primeiros anos de casamento tudo era muito amoroso e fácil, mas depois das chegadas imprevistas e longas ausências a Virginia tinha quase um asco ao escutar o ronco do caminhão estacionando na porta da sua casa.
Era como se ela recebesse um estranho, que comia, bebia, trazia um fardo de roupa suja e outro de roupas que ela não sabia de quem eram e que recendiam a bebida e perfume barato. E depois ainda queria o sexo com ela, como se estivesse com saudades. Sentia-se usada e quase sozinha não fosse o trabalho que tinha arranjado na casa de uma patroa rica para poder sustentar-se.
E quando o marido lhe perguntava como é que ela conseguia as coisas para dentro de casa ainda dizia que mulher dele não precisava trabalhar. Ficava muito nervoso quando ela então lhe pedia dinheiro para os suprimentos, indo embora no seu caminhão assim, sem eira nem beira e sem adeus. Isso era um alívio à Virginia, que adotou então esse método assim que o marido chegava a casa. Mas como nada dura para sempre, o homem passou de emburrado e fugido para surdo temporariamente, pois na cama queria que ela lhe sussurrasse indecências em seu ouvido.
Tinha que tomar uma atitude. Não aguentava mais a presença daquele machista infame e naquele mês de marido ausente, pensou, pensou e chegou à conclusão de que era necessário um pouco de burrice e um tanto de loucura. O plano era perfeito. Pela primeira vez na vida esperava o dito cujo com uma ansiedade de cão esfomeado.
Então chegou o dia mais feliz da vida da Virginia que segurando o riso para dar cabo ao plano não abriu a porta quando o marido chegou, ao contrário, foi lá rapidamente e fechou à tranca. O homem, notando a porta fechada, tentou girar a maçaneta sem sucesso e como não tinha as chaves — pois que a mulher lhe abria antes mesmo de ele desligar o caminhão — começou a bater na porta. Bateu tanto que considerou a hipótese de ela não estar lá para abrir. Ficou esperando algum tempo, tempo que considerou uma afronta quando, num rompante a porta se abriu e num esgar de louca a mulher lhe pediu: “Sim?”
Como “sim”? Ele queria entrar e ela não deixou. No segundo em que ele fora praticamente enxotado da soleira foi que percebeu que a mulher estava vestida com as roupas dele e com os cabelos imundos de farinha. Aquela visão lhe assustou e pensou por um momento que tinha errado de casa, mas logo recobrou o raciocínio e a chamou de “meu amor”.
“Não lhe conheço!” Disse a Virginia com uma risada de hiena e em seguida fechou a porta a tranco.
O marido bateu de novo e foi advertido de que se ele insistisse, ela chamaria o delegado e gritaria aos vizinhos que fossem acudi-la. Virginia com as costas na porta segurava a mão em sua boca para que ele não ouvisse o riso de vencedora. Fechou os olhos e desfrutou com deleite o rugido do motor e o bufar do marido indo embora.
E assim ela procedeu por uma semana a fio: aparecia ao marido cada vez pior em sua aparência. Na quinta-feira pôs uns óculos emprestados da patroa e vestes muito maiores que seu número e na sexta-feira apareceu com os cabelos vermelhos. E todas as vezes que atendia a porta, dizia:
“De novo o senhor? Eu não lhe conheço!”
O marido partiu e dessa vez ficou seis meses fora de casa, e quando voltou Virginia procedeu exatamente como antes e o enxotou porta afora.
No dia seguinte reaparecia o marido com mais três pessoas vestidas de branco. Arrombaram a porta, seguraram a Virginia e meteram uma injeção em seu braço que custou a cicatrizar. Ela acordou numa cama, com os braços e as pernas amarrados à cama, totalmente inerte. Ouviu da boca do marido o veredito do seu plano falho: “Claro que você me conhece.”




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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Missa de Sétimo Dia



Por Michele Calliari Marchese

Esse causo começou numa tarde, quando apareceu na igreja uma mulher muito desconhecida do povo da Campina. Vinha com os pés descalços e muito machucados da caminhada, as roupas eram puídas, escuras e rasgadas, carregava um saco velho e aparentemente vazio.
Ela tinha o aspecto de uma mulher muito sofrida, seus cabelos presos num coque atrás da cabeça eram um emaranhado sombrio de fios brancos e pretos.
Vinha de longe e tinha que falar com o Padre Dimas.
Era uma quinta-feira, dia cinco de fevereiro e a mulher precisava que o Padre rezasse uma missa.
Uma Missa de Sétimo Dia pela morte do marido acontecida há seis dias, numa emboscada de mato em que ela foi a única sobrevivente. O nome do marido era Darci e antes que fosse curar das feridas, precisava mandar rezar a Missa.
O Padre vendo o estado lastimável em que a viúva se encontrava, procurou saber de onde vinha e se tinha parentes na Campina; e qual o seu nome. “Emma” disse a mulher, “sou de uma terra perto de Palmas, mas para lá eu não volto nunca mais”.
A mulher saiu dizendo que iria curar as feridas e não foi mais vista pelo Padre nem na Missa de Sétimo Dia. O Padre ficou preocupado. A mulher poderia ter morrido em qualquer canto devido aos ferimentos que tinha e mandou alguns meninos procurarem por uma mulher de nome Emma em estado doentio.
As crianças voltaram com os pais delas, que juraram não encontrar ninguém conforme que o Padre tinha pedido e logo todo o povo estava sabendo da dita mulher e de seu marido morto em tocaia.
Algum tempo depois quando foi o dia cinco de agosto, numa quinta-feira também, apareceu de novo a Emma, em lamentável estado de saúde, implorando ao padre que rezasse a Missa de Sétimo Dia para o marido Darci que tinha acontecido seis dias antes.
O Padre desconfiou.
Quando se virou para mandá-la entrar, ela tinha sumido das vistas dele e não deu tempo sequer de pedir como estava.
O Padre se assustou.
Chamou o delegado e explicou tudo o que tinha acontecido e mandou que enviasse a polícia para o mato e verificar a procedência das informações para que se pudesse agir em favor da viúva e prender os jagunços que mataram o marido Darci.
O delegado enviou telegramas às comarcas vizinhas para saber de alguma pista do ocorrido e não teve resposta até o dia 05 de maio do ano seguinte, quando Emma voltou para a Campina exigindo que um Padre Dimas apavorado lhe rezasse a Missa de Sétimo Dia para o marido morto. E o Padre recobrou a presença de espírito e pediu-lhe que só com o sobrenome era possível que a Missa se realizasse ao que ela lhe respondeu: “Felipetti”.
E sumiu de novo.
O Padre ajoelhou-se e acendeu algumas velas. Não era possível que essas coisas misteriosas e sem explicação acontecessem só na Campina. Nunca tinha ouvido essas coisas dos outros padres da região. Era só ali que acontecia. Acendeu mais algumas velas.
Marcou no calendário que a próxima visita da viúva aconteceria somente em janeiro do próximo ano. Dia cinco, numa quinta-feira. Até lá teriam tempo de sobra para descobrirem o paradeiro da coitada.
Depois de passar o sobrenome para o delegado, as buscas surtiram efeito através da polícia de Clevelândia, no Paraná, que mandou um telégrafo solicitando a presença do delegado e do Padre Dimas, que foram até lá ouvir o relato do Inspetor da Polícia.
Ouviram tudo muito calados, muito abalados e o Padre não parava de se benzer e benzer o delegado.
“Houve uma conversa de que havia ouro enterrado nas terras do Darci. Ele cavou e quando levantou a cabeça para mostrar para a esposa o saco cheio de ouro, ela segurou o saco e matou o coitado com um pedaço de pau e quando puxou o homem para fora ela se desequilibrou e caiu, morrendo também. Quem viu tudo foi um vizinho que ficou interessado na escavação e foi lá ajudar o Darci. Quando viu a Emma atacar o coitado ele se escondeu. Saiu correndo, mandou chamar a polícia e deu esse depoimento. Nunca encontraram o ouro.”
O Padre pediu com todas as forças de seu pensamento: “Quando foi isso seu Inspetor?”
“Foi no dia cinco de janeiro de 1.899, numa quinta-feira.”
No dia cinco de janeiro do ano seguinte, aquele marcado no calendário da Paróquia, o Padre chamou a comunidade inteira para participar da Missa de Sétimo Dia de Emma para que enfim ela descansasse em paz.




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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Alteração no ritmo das postagens


Amigos Leitores,

A partir deste mês de setembro voltamos ao ritmo de uma postagem semanal, às terças-feiras, não mais às segundas e quintas como vínhamos praticando até então, e o jornalzinho passará a ser publicado com periodicidade trimestral. Continuamos recebendo com alegria textos de leitores e colegas escritores a qualquer tempo, para esse fim há um formulário em nosso blog. Agradecemos a compreensão e nos alegramos imensamente por sua companhia e atenção.

Atenciosamente,

Helena e Michele
As donas do Blog :-)


terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Causo do Padre Dimas

 

Por Michele Calliari Marchese

Esse causo aconteceu num agosto ventoso, em que os homens tiveram que deixar seus chapéus em casa para não terem que sair correndo atrás deles pelas estradas.
Na Campina havia muitos rumores a respeito de que o padre Dimas teria que fazer uma longa viagem até a capital para receber algum tipo de voto que ninguém sabia ao certo o que era, mas a viagem por si só, fez com que o povo arrumasse o galpão lá da Igrejinha Amarela para despedir-se temporariamente dele. As mulheres grávidas queriam que ele batizasse os nascedouros antes de partir, com eles ainda no ventre e com nomes que daria para trocar caso fossem de outro sexo ao nascer. Os noivos queriam casar e os doentes queriam a extrema unção, mesmo que ficassem sãos, porque, pensavam eles “a bênção do padre Dimas é que nem a mão de Deus”.
A despedida foi coroada com muito vinho, bênçãos, casamentos, extremas unções, só não houve batismo no ventre porque o padre achou um disparate. Montaram um confessionário na cancha de bocha para os mais pecadores e o padre atendeu todo mundo. Já era noite escura quando pegou seu cavalo, as provisões que as mulheres prepararam e foi embora.
Aconteceu que, chegando em Cruzeiro do Sul, o padre Dimas foi abordado por um jagunço foragido do Paraná. O jagunço que era conhecido por Nino deu um pranchaço de facão numa das pernas do padre que se desequilibrou e acabou caindo desmaiado do cavalo. O Nino pegou tudo, até as roupas paroquiais e seguiu fugido em sentido contrário, parando só quando o cavalo não pôde mais andar e adentrou nos matos para descansar e comer o pouco das provisões que tinha roubado do pároco.
O Nino ficou acampado por algum tempo e resolveu continuar na fuga, pois queria voltar ao Paraná para ver a mulher e os filhos e depois seguir para São Paulo. Avistou a Campina e resolveu vestir a roupa do padre, pois seria muito mais fácil ele ficar alguns dias na cidade vestido como tal do que vestido como jagunço. Guardou o facão e a garrucha escondidos na sela do cavalo e arriscou um sorriso.
Aconteceu que, com todo aquele vento a estrada estava coberta pela nuvem de poeira densa e alta, formando redemoinhos onde havia o descampado da entrada da cidade, perto do Posto Militar, e o Nino apareceu no meio daquela nuvem de poeira como se fosse numa entrada triunfal e a batina subiu-lhe pelas costas cobrindo parte da cabeça deixando a visão assustadora, ainda mais que quem viu, reconheceu na hora o cavalo do padre.
Muitos fugiram e algumas mulheres desmaiaram no meio do caminho, mas ninguém foi capaz de parar o cavalo do padre e seu cavaleiro irreconhecível. Tampouco os milicos que pálidos, correram para dentro do posto e se puseram a rezar.
O Nino que não via nada por causa da poeira nos olhos seguiu a esmo até que o cavalo — acostumado com o padre — parou em frente à Igreja e diante dos olhos estupefatos da população. Foi o barbeiro que teve a coragem de verificar se era alma penada com espora na bota ou o padre Dimas retornando da viagem. E quando o rosto do jagunço ficou a descoberto, a população tratou de prendê-lo imediatamente numa gaiola de pau de guamirim pendurada numa árvore.
Só sairia dali se contasse onde estava o Padre Dimas.
E todo dia, quando alguém levava comida e água para o preso batia na gaiola e pedia: “Onde está o Padre Dimas?”. E o Nino respondia, todo dia: “Eu não sei.”
E assim os meses foram passando, ninguém aguentava mais os excrementos a céu aberto do preso e o povo, órfão de padre, esperava o substituto para batizar os nascedouros, casar os noivos, benzer os doentes e rezar as missas atrasadas. E o Nino — quase enlouquecendo — pendurado na gaiola sempre com alguém a lhe perguntar: “O que você fez com o Padre Dimas?”
Aconteceu que no Natal daquele ano, quando estavam todos na igreja; quando a Campina não tinha mais esperanças de que algum padre viesse rezar a Missa do Galo, o Nino começou a gritar desesperadamente da sua gaiola: “Eu sei onde está o Padre Dimas, eu sei onde ele está. Tirem-me daqui!”
Todo o povo correu para fora da igreja a ter com o Nino que apontava histericamente para os fundos da igreja e quando todo mundo se virou para olhar para lá; apareceu então o padre Dimas exatamente à meia noite, encharcado pela chuva intermitente, uma barba de semanas e de cavalo novo.
Adentrou o átrio dizendo: “Estou vivo, soltem o bandido.”
E assim, sem mais nem menos começou a Missa do Galo.
O Nino foi solto pelo acordo que tinham feito; esperou que todos entrassem na igreja para a Missa, roubou o cavalo novo do Padre Dimas e fugiu para o Paraná.



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