Por Michele Calliari Marchese
Agora a data prevista é para setembro, não tão especificamente, mas dá
seis dias entre o começo do fim do mundo e seu término, junto com parte da
humanidade. Portanto, entre 22 e 28 de setembro saibam que não haverá vivalma nesse
hemisfério. Catastrófico, não?
Para quem não sabe, o “asteroide de Deus” entrará na atmosfera – intacto
– e se chocará com o azarado país da Costa Rica. O impacto será
extraordinariamente impactante e ninguém contará a história. Tampouco saberemos
a cor do dito cujo. Quem prevê essa barbaridade mortífera é um guru. Sim! Um
guru. Nem quero saber o nome dele para que a carga negativa não ameace a paz do
homem.
Em toda a minha vida, confesso, já ouvi inúmeras vezes a chegada do fim
do mundo e inclusive uma dessas datas previstas aconteceu em 2012. Claro que sem
sucesso, para nossa sorte – ao contrário da pobre da Costa Rica. Tomara que não
acabe a água por lá e o cimento para a construção de “bunkers”. Isso tudo não
passa de uma grande bobagem, mesmo porque os “bunkers” não salvarão ninguém e
não haverá ninguém para tomar água depois.
Bom, esse impacto – se ocorrer – arrasará a América Central, a América Latina
e etc, por causa exclusivamente do asteroide, que nem é tão grande assim, mas
também por maremotos, terremotos e outros “motos” que até então desconhecemos
na Campina da Cascavel, e olha que conhecemos muitos! Talvez por estarmos muito
longe do mar nem saberemos de nada – como sempre acontece – e por uma feliz
casualidade seremos poupados desta vez. Ou não.
A Campina da Cascavel é agraciada por toda oportunidade existente que a
natureza tem para se renovar – assim dizem os gurus – e não me espantaria em
saber que o dito asteroide desse o ar da graça por aqui. Oras, teremos que
construir “bunkers” então! E a água? Gente, precisamos de estoque e mais
estoque de água, porque dependermos do Rio Ditinho não dá, né? Se houver um
terremoto por aqui, a água do Rio Ditinho se escoará miseravelmente para a
construção de outro mundo. E ficaremos orgulhosos ainda por cima, além de
sedentos.
Voltando ao fim do mundo: fora as datas acima: 2015 e 2012 houve também
a incrível passagem para o século XXI, em 2001. Não me lembro de o que de fato
aconteceria, mas que aconteceria, aconteceria e não aconteceu. Incautos
comprando água e esquecendo-se de construir “bunkers”. Tem que fazer tudo
direitinho, não se pode deixar as coisas pela metade e se no meio de tanta
previsão furada vem uma certa? Temos que nos prevenir.
Na década de 80 também tive a oportunidade de verificar pela televisão
alguns mortais com imensas placas avisando-nos de que o mundo acabaria em
breve. Também não foi daquela vez, ok? Mas, força que um dia vocês acertam.
Na década de 70 eu aprendi a ler e nos gibis que eu lia e que datavam da
década anterior (naquela época, as estórias eram elaboradas nos Estados Unidos
e vinham para o Brasil apenas para a tradução, justamente durante a guerra do
Vietnã) sempre tinha um personagem com um aviso de que o mundo iria acabar.
Acabando com os sonhos infantis de se ter um camelo pula pula ou uma boneca Creci
(tinha esse nome porque ela vinha com cabelo retrátil). O mundo não acabou e eu
ganhei a boneca num aniversário qualquer, e o camelo pula pula era muito caro e
isso sim era o fim do mundo para o meu pai.
Jamais poderia esquecer Nostradamus. Meu xará masculino e sagitariano, como essa escrevente, profetizou duas centúrias contendo previsões um tanto
assustadoras e que só são conferidas ao seu autor depois que acontecem, ou
seja, primeiro acontece e depois vão ler para ver onde se encaixa o acontecido.
Bastante obscuras as centúrias, faz mais de quinhentos anos que elas continuam
fazendo parte de um importante estudo, sem ninguém conseguir concluir. Já
Rasputin era mais violento em seus presságios e não creio que seja de grande
valia escrever sobre imagens aladas e venenos no ar, ou chuvas venenosas, sei
lá.
Especulações à parte, eu creio que não será assim que se extinguirá a
vida em nosso planeta, o buraco é mais embaixo. Estamos falando de asteroides,
quando deveríamos falar de pandemias, sejam elas dos bichos que forem de guerras
civis, da crueldade que mais e mais toma corpo, do avanço da tecnologia do mal.
Não pensamos em ETs, mesmo eles dando claros sinais em nossas plantações, e
como disse Stephen Hawking: “Se os alienígenas
nos visitarem, o resultado seria parecido com quando Colombo chegou à América,
o que não foi muito bom para os nativos americanos...”.
A todos aqueles que pressagiam o fim do mundo, meu muito obrigado. Sem
vocês eu não teria histórias para contar ou lembrar. A todos aqueles que
acreditam que o fim do mundo virá, podem ficar tranquilos, pois até lá estarão
todos mortos. A todos aqueles que acreditam em inteligência artificial e que
logo estaremos cara a cara com uma máquina pensante, meu conselho mais humilde:
construam “bunkers”, comprem água, digam adeus ao Rio Ditinho e às intempéries
que assolam a Campina da Cascavel, pois aí sim, O "Fim" estará próximo.
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