quinta-feira, 20 de abril de 2017

Oh não! De novo o fim do mundo?

Por Michele Calliari Marchese

Agora a data prevista é para setembro, não tão especificamente, mas dá seis dias entre o começo do fim do mundo e seu término, junto com parte da humanidade. Portanto, entre 22 e 28 de setembro saibam que não haverá vivalma nesse hemisfério. Catastrófico, não?

Para quem não sabe, o “asteroide de Deus” entrará na atmosfera – intacto – e se chocará com o azarado país da Costa Rica. O impacto será extraordinariamente impactante e ninguém contará a história. Tampouco saberemos a cor do dito cujo. Quem prevê essa barbaridade mortífera é um guru. Sim! Um guru. Nem quero saber o nome dele para que a carga negativa não ameace a paz do homem.

Em toda a minha vida, confesso, já ouvi inúmeras vezes a chegada do fim do mundo e inclusive uma dessas datas previstas aconteceu em 2012. Claro que sem sucesso, para nossa sorte  ao contrário da pobre da Costa Rica. Tomara que não acabe a água por lá e o cimento para a construção de “bunkers”. Isso tudo não passa de uma grande bobagem, mesmo porque os “bunkers” não salvarão ninguém e não haverá ninguém para tomar água depois.

Bom, esse impacto – se ocorrer – arrasará a América Central, a América Latina e etc, por causa exclusivamente do asteroide, que nem é tão grande assim, mas também por maremotos, terremotos e outros “motos” que até então desconhecemos na Campina da Cascavel, e olha que conhecemos muitos! Talvez por estarmos muito longe do mar nem saberemos de nada – como sempre acontece – e por uma feliz casualidade seremos poupados desta vez. Ou não.

A Campina da Cascavel é agraciada por toda oportunidade existente que a natureza tem para se renovar – assim dizem os gurus – e não me espantaria em saber que o dito asteroide desse o ar da graça por aqui. Oras, teremos que construir “bunkers” então! E a água? Gente, precisamos de estoque e mais estoque de água, porque dependermos do Rio Ditinho não dá, né? Se houver um terremoto por aqui, a água do Rio Ditinho se escoará miseravelmente para a construção de outro mundo. E ficaremos orgulhosos ainda por cima, além de sedentos.

Voltando ao fim do mundo: fora as datas acima: 2015 e 2012 houve também a incrível passagem para o século XXI, em 2001. Não me lembro de o que de fato aconteceria, mas que aconteceria, aconteceria e não aconteceu. Incautos comprando água e esquecendo-se de construir “bunkers”. Tem que fazer tudo direitinho, não se pode deixar as coisas pela metade e se no meio de tanta previsão furada vem uma certa? Temos que nos prevenir.

Na década de 80 também tive a oportunidade de verificar pela televisão alguns mortais com imensas placas avisando-nos de que o mundo acabaria em breve. Também não foi daquela vez, ok? Mas, força que um dia vocês acertam.

Na década de 70 eu aprendi a ler e nos gibis que eu lia e que datavam da década anterior (naquela época, as estórias eram elaboradas nos Estados Unidos e vinham para o Brasil apenas para a tradução, justamente durante a guerra do Vietnã) sempre tinha um personagem com um aviso de que o mundo iria acabar. Acabando com os sonhos infantis de se ter um camelo pula pula ou uma boneca Creci (tinha esse nome porque ela vinha com cabelo retrátil). O mundo não acabou e eu ganhei a boneca num aniversário qualquer, e o camelo pula pula era muito caro e isso sim era o fim do mundo para o meu pai.

Jamais poderia esquecer Nostradamus. Meu xará masculino e sagitariano, como essa escrevente, profetizou duas centúrias contendo previsões um tanto assustadoras e que só são conferidas ao seu autor depois que acontecem, ou seja, primeiro acontece e depois vão ler para ver onde se encaixa o acontecido. Bastante obscuras as centúrias, faz mais de quinhentos anos que elas continuam fazendo parte de um importante estudo, sem ninguém conseguir concluir. Já Rasputin era mais violento em seus presságios e não creio que seja de grande valia escrever sobre imagens aladas e venenos no ar, ou chuvas venenosas, sei lá.

Especulações à parte, eu creio que não será assim que se extinguirá a vida em nosso planeta, o buraco é mais embaixo. Estamos falando de asteroides, quando deveríamos falar de pandemias, sejam elas dos bichos que forem de guerras civis, da crueldade que mais e mais toma corpo, do avanço da tecnologia do mal. Não pensamos em ETs, mesmo eles dando claros sinais em nossas plantações, e como disse Stephen Hawking: “Se os alienígenas nos visitarem, o resultado seria parecido com quando Colombo chegou à América, o que não foi muito bom para os nativos americanos...”.


A todos aqueles que pressagiam o fim do mundo, meu muito obrigado. Sem vocês eu não teria histórias para contar ou lembrar. A todos aqueles que acreditam que o fim do mundo virá, podem ficar tranquilos, pois até lá estarão todos mortos. A todos aqueles que acreditam em inteligência artificial e que logo estaremos cara a cara com uma máquina pensante, meu conselho mais humilde: construam “bunkers”, comprem água, digam adeus ao Rio Ditinho e às intempéries que assolam a Campina da Cascavel, pois aí sim, O "Fim" estará próximo.



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