segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Motivo




Josefa era moça pobre do interior. Moça, mas já não tão jovem. Bonita, nunca fora. Claudicava um pouco, resultado de um acidente na infância. Praticamente sozinha no mundo, pois os pais já haviam morrido e ela não se dava muito bem com os irmãos. Uma amiga aconselhou-a a tentar um emprego na capital. Disse que conseguiria para ela trabalho em casa de família, onde ela pudesse morar. Em sua situação, tanto fazia morar aqui ou acolá, então decidiu-se: vou.
Começou a trabalhar. Honesta, séria, conquistou a confiança dos patrões.
Profundamente religiosa, não perdia o culto em sua congregação. Embora analfabeta, tinha a Bíblia Sagrada sempre à mão.
Porém... Sempre há um porém! Mal-humorada pertinaz, gemia e suspirava o dia todo, enquanto trabalhava. Revoltada com a vida que levava, queixava-se o tempo todo da tal “vida madrasta”. Às vezes tornava-se insuportável. Mas, como era honesta e a patroa precisava de alguém assim para olhar a casa e os filhos enquanto ia ela própria trabalhar, tolerava o mau-humor de Josefa e esta ia ficando.
Sabia-se que Josefa estava namorando um rapaz lá da igreja. Ainda assim não parecia feliz. O rapaz era filho único de mãe doente e dominadora. Dizia que, casamento, só depois que a mãe morresse. O que deixava Josefa cada vez mais ranzinza e mal- humorada.
Uma segunda-feira, contrariando todos os seus hábitos, Josefa acordou alegre, cantando. A manhã passava e ela trabalhava cantarolando. Não resmungou nem suspirou uma só vez.
A patroa, que a conhecia bem, e estava estranhando aquela alegria, não sem uma dose de malícia e ironia, perguntou: e aí, Josefa, sua sogra morreu?
Josefa, espantada, respondeu: como a senhora adivinhou? Quer dizer, morrer não morreu, mas está muito mal. Eu ia até pedir licença à senhora, para ir visitá-la no fim da tarde.
Licença concedida, lá se foi Josefa visitar a sogra doente.
Voltou à noite, mais rabugenta e mal-humorada que nunca. Entre gemidos e suspiros, descobriu-se que a velha havia melhorado, estava bem. Ainda não seria agora que o casamento iria sair.
Alguns meses depois, o tal namorado, mesmo com a mãe viva, casou-se com outra...



Obrigada, Lu Narbot, por participar outra vez aqui no blog. Estou muito feliz em saber que você está, a cada dia, desbravando novos caminhos. Parabéns pelo blog Bonecas no meu coração, volte sempre.

Abraços letripulistas,
Helena.



Copyright 2013 (c) - Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão da autora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro(a) Leitor(a), comentários são responsabilidade do(a) comentarista e serão respondidos no local em que foram postados. Adotamos esta política para melhor gerenciar informações. Grata pela compreensão, muito grata por seu comentário. Um abraço fraterno, volte sempre!