segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A PALAVRA



Mãos trêmulas, lágrimas nos olhos, mal via o que estava fazendo. Pensava se a atitude que havia tomado fora a mais correta. Dúvidas persistentes não lhe davam paz, martelando seu pobre cérebro cansado das labutas do dia.
A vida não é fácil para ninguém, mas sempre há os que não se preocupam em saber se o que fizeram era certo ou errado. Não lhe ficam dúvidas morais, éticas, sentimentais. Seguem seu caminho sem olhar para trás. Ela, não. Preocupara-se sempre em não prejudicar, não ferir, não magoar. E saíra invariavelmente prejudicada, ferida, magoada.
Lutara muito. Aguentara o que fora possível e, às vezes, até o impossível. Perdoara setenta vezes sete vezes, conforme lhe fora ensinado. Suportara a falsidade, a traição, a rispidez, a brutalidade. Com lágrimas nos olhos e dor no coração, mas com um sorriso acolhedor nos lábios, aceitara os pedidos de desculpas e se prontificara a recomeçar. Pensara nas crianças, coitadinhas, e no que haveriam de sofrer. Pensara na decepção que causaria aos pais, na preocupação deles com o que seria dela dali por diante.
Mas, enfim, dera um basta. Chegara ao limite de suas forças. Tivera que armar-se de coragem e, a duras penas, o conseguira. Nem um dia mais toleraria maus tratos, desrespeito, palavras ásperas, censuras. Não seria mais enganada. Sobretudo, não aceitaria nem um minuto a mais de indiferença. Ponto final. Partiria.
Contudo, mesmo ao arrumar suas coisas, ainda pensava se poderia ter feito diferente, se a culpa não seria sua, realmente. Analisava onde e quando havia errado. Haveria algo que pudesse ter feito de outro modo, para ser outro o final?
Não fora aquele último insulto gritado lá de baixo e teria desfeito a mala, sufocado a dor e o orgulho, engolido as lágrimas, pronta a, mais uma vez, tentar recomeçar. Uma palavra teria bastado...



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Lu Narbot, muito obrigada por sua participação tão especial no último dia deste ano em que trouxemos à vida o Sem Vergonha de Contar. 

Um Ano Novo cheio de oportunidades para perder a vergonha de contar e embrenhar-se na arte da ficção é o que desejamos aos nossos leitores e colaboradores. 

Próxima rodada de convidados: fevereiro/2013. Não perca!

A versão impressa com os contos de dezembro em breve estará à disposição. 

No mais, Feliz 2013!

Helena e Michele.




segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

LUZINHAS



— Mãe, e as luzinhas?
Ela lembrou. Que droga. Estavam tão perto do natal, alguns dias apenas. Quase escapara este ano, mas não. E, da forma como foi abordada, sem desculpas mais a lhe dar, aquiesceu.
— Vamos lá no quartinho procurar.
A mocinha, numa animação pouco habitual, seguiu a mãe até o quarto cuja poeira de décadas cobria tudo como um véu sagrado. Um dia, sim, um dia teria que encarar aquele depósito de recordações e enfrentar os sacos de lixo que as aguardavam, silenciosos, na lavanderia. Muita coisa velha, quebrada, imprestável, cheia de lembrança. Energia estagnada, diziam; assim que começasse o ano novo, com certeza encararia uma semana de faxina. Exatamente como não fizera no ano passado, e no ano retrasado, e nos últimos anos de sua vida.
Abriu a caixa. Nem se lembrava mais de que existia uma caixa com enfeites de natal. Papai Noel, sinos, bolas prateadas, fitas douradas, falsos galhos de pinheiro, muito vermelho e muito verde juntos. E um grande rolo de fio, no qual pequenas luzes pendiam, desmaiadas.
— Luzinhas! Vamos ver se funcionam, mãe?
E com as mãos encardidas de pó lá vai a moça, cheia de expectativa, colocar o rolo de fio verde na eletricidade. Mudou o padrão da tomada, assim como da família. Sai-se em busca de um adaptador, exatamente como na vida. É importante que as coisas funcionem, num ou noutro padrão.
— Não acende...
— Devem estar queimadas, depois de tantos anos.
Mexe aqui, ajeita ali, e eis que as luzinhas começam a piscar. Verdes, intermitentes, desanimadas como uma alegria falsa, mas não se pode negar que possuem um efeito hipnótico. A filha sai em busca de novos enfeites, mas a mãe fica lá, como que paralisada, com a luz de pequenos pontos verdes refletida em suas pupilas cansadas.
Lembrou-se de quando haviam comprado aquelas luzinhas. Na verdade, a cada ano inventavam novos enfeites para que os filhos pudessem ajudar na montagem de árvores, iluminação, guirlandas. Claro que, no dia de reis, ela desmontava todo o cenário sozinha, mas dava gosto ver as crianças envolvidas na expectativa de papais noéis, amigos secretos, jantares caprichados, gente reunida. A casa era o ponto de encontro, valia a pena complementar com um pouco mais de calor.
Não conseguia se lembrar do último natal em que tudo havia sido como antes. Uma sequência de recordações fora de ordem cronológica passou pela sua cabeça: quando, grávida do segundo filho, guardaram a surpresa para contar à família na hora da troca de presentes. Quando o avô adoecera, quando a avó se fora, quando o filho maior ficou para o natal mas estreou seu primeiro réveillon longe das suas asas, quando a alegria era tanta que ficava difícil imaginar outra forma de se finalizar um ano, quando o desânimo era tanto que ficava difícil imaginar como fazer para dar conta de finalizar o ano da mesma forma...
Só sabia que, um dia, estavam longe; a família era outra, as reuniões escassearam, os presentes minguaram, os sorrisos passaram a ser falsamente desenhados como uma maquiagem.
— Mãe, vamos colocar naquela arvorezinha de madeira?
Sim, era um cenário, uma peça de teatro que um dia iria terminar. Até que a morte nos separe? Não, a morte de fato nos une; o que nos separa é sempre a vida.
A impressão é que tudo aquilo cheirava a mofo. Quando foi que tomaram a decisão? Ele por comodismo, já que era mesmo muito mais difícil recomeçar e redescobrir o que um dia os uniu, do que deixar que o tempo se encarregasse de arrumar tudo; ela por irresponsabilidade, pois via ali o começo de uma vida nova — e as novidades a atraíam como a luz atrai as mariposas. Iria viver um dia depois do outro, concordava que o tempo se encarregaria de arrumar tudo.
O tempo se encarregou mesmo. Encarregou-se de carregar as últimas esperanças dele para o bueiro das causas perdidas; e se encarregou também de transformar a vida nova que ela sonhava em uma vida antiga, cheia de cacos, rugas e incertezas.
Mais um natal. Mais um ano novo, igual a tantos. De novo, só as luzinhas velhas, ressuscitadas. O que mais poderia ressuscitar?
— Mãe, estou de férias, vamos ao cinema amanhã à tarde?
— Amanhã não posso. Eu e seu pai vamos assinar o divórcio.

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Muito obrigada, Vany Grizante, por sua participação tão especial em nosso Blog! Aproveitamos a data para desejar a todos os nossos leitores e convidados um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de criatividade e boas histórias para contar. Lembramos ainda que a rodada de dezembro se encerrará junto com o ano: dia 31 teremos outra convidada especial, prestigie. Acompanhe nossas publicações e não deixe de comentar, prezamos muito a sua participação. Este trabalho é feito com zelo, carinho e é dedicado a todos aqueles que amam a arte de contar.
Boas Festas,
Helena e Michele.
Foto: HFrenzel




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ESTOU TÃO FELIZ ESTA MANHÃ!



Até que a tarefa de observação não esteve ruim hoje, apesar daquela casa da esquina, o sobrado onde morou o doutor Pérsio, não me parecer local adequado. Mas tem a escola. Sábado passado vi uma mulher entrando lá com dois deles. Pelo jeito me pareceu ser a zeladora, ou mulher do zelador, sei lá. O chato é o velhinho do prédio da frente, fica varrendo a calçada naquele descanso de não ter mais fim, só pra não ficar sem nada pra fazer. É, custa nada tentar hoje mesmo. O negócio é dar um jeito de azeitar o bicho, se não me engano tem mais de cinco dias que nem pego nele. Compra boa foi essa, uma mixaria, e ainda com duas caixas cheinhas! O que é a tecnologia, hein! Antigamente, tinha jeito não, era todo aquele estrondo, e a gente tinha que correr pra outras bandas se quisesse curtir um negócio desses sem perigo de ser pego no flagra. A Rita falou que ia dar uma chegadinha lá na Zilá, depois da janta, horário melhor não tem. Ah! Não vejo a hora!
O problema é que um daqueles da mulher da escola me deu a impressão de ser bem arisco, melhor mesmo deve ser o outro, o da casa da esquina. Atravesso bem pro lado do ponto de ônibus, e de lá dá pra ver eles direitinho. No máximo, uns quatro, cinco metros, não pode é aparecer aquela moreninha do outro dia, com o namoradinho dela. Ficaram se esfregando um tempão, logo ali pertinho, no muro de pedra. Nesse caso a coisa fica mais difícil. Vamos ver! Só não posso é deixar ele onde está, outro dia mesmo a Rita perguntou que caixa era aquela. Negócio de um colega lá do trabalho, amor. A danada querendo xeretar. Vez em quando dá umas incertas na garagem, preciso tomar cuidado. Isso é coisa do Coutinho, amor, falei. Que Coutinho? Ora que Coutinho, Rita! Aquele da festa de quinze anos da filha da Eronildes, tu não lembra? Um careca, fiscal da Receita Federal. Sacana essa minha mulher! Balança a cabeça, assim como quem se lembra, mas é só eu virar as costas e lá vai ela xeretar de novo. Tenho é que mudar o bagulho de lugar. Qualquer hora, olha ela desembrulhando, e aí a coisa vai ficar feia. Como é que eu vou explicar? Melhor desentocar de lá, camuflar em um outro ponto, fora da garagem, mas onde? Mulher esperta está ali, mas não troco ela por nenhuma, isso eu não faço mesmo, nem que a vaca tussa! Só se ela vacilar, é lógico, eu até que tenho andado direitinho com ela, pianinho mesmo, posso bobear não, a malandra parece até que sente o cheiro de outra mulher. Mas também já lá se vão o quê? Setembro agora faz o quê? Mais de nove anos que estamos nessa, juntinhos, pro que der e vier. Tenho do que me queixar, não. Com aquela tal de Marli, do churrasco, é que não posso bobear, chegou até a se debruçar num exagero de pegar cerveja naquela tina do gelo, mais pra se exibir, a peitaria pulando fora da camiseta. Sacana! Mas sei que o Borges é que está beliscando aquilo, o safado não me engana. Ano que vem emplaco meus cinqüenta e oito, começar do zero novamente é que não dá, a essa altura do campeonato.
A minha Rita é legal, boa companheira, me entende direitinho na hora do amorzinho, sabe cuidar de mim, econômica, dinheiro com ela parece de borracha. Mulher de ouro mesmo! Merece ser sacaneada, não! Quando a gente começou a se entender, vi de cara que era pegar ou largar, tinha urubu só rondando a carniça. Lá na vila da mãe dela, era aquela rapaziada assim de shortinho de play boy, sentada na calçada, exibindo as coxas de atleta, coçando o saco, de olho na moreninha da casa quatro, a minha Rita. Foi preciso eu começar a fazer cara de poucos amigos, não cumprimentar. Ihhh, Fofinho, você parece que faz pouco deles! É tudo rapaz direito, fazendo faculdade! Tá! Eu que bobeie! Se não desse uma de dono do terreiro, dançava mesmo! Bom, quase sete horas, não posso bobear, tenho que dar uma de sonso, deixar que ela diga que vai dar um pulinho na Zilá. Aí então dou uns cinco, dez minutinhos, e me mando pro lado da ladeirinha. Quando aquelas duas pegam de papo furado, bota hora nisso, ainda mais agora que a Zilá recebeu uns negócios dos Estados Unidos, daquela prima que mora lá, uns filmes, um montão de fotos e coisa e tal. A Rita me falou, queria que eu fosse com ela só pra dar uma espiada, tomar um cafezinho. Qualquer hora, amor, qualquer hora! Dá um abraço nela que eu mandei, vou ficar por aqui mesmo, vão passar uma série do Ademir da Guia, os golaços dele no Palmeiras..., sei que é coisa da antiga, mas o garoto jogava um bolão, você era garota e não ligava. OK, você venceu: batata frita. Se eu demorar, esquenta aquela carne assada, viu? Tá bom, se preocupa não. Vai com Deus. Vamos agora ver o bichinho aqui: hmmm,... bem azeitado, precisa de mais óleo não. Lua bonita que está fazendo.
Boa noite, Seu Raimundo! É! Noite linda, né? Nenhuma nuvenzinha,.. aquele time só tem salto alto, e sabe o senhor de uma coisa? É mais fácil a gente trocar de mulher do que de time! Verdade, sabe mais? Quando eu era garoto, meu pai vivo, flamenguista doente, sabe como é que é. Cinco irmãos, mais eu. Todo mundo flamenguista, só eu Botafogo. Não vou mudar casaca agora, depois de velho. O quê? O Vasco? Leva a mal não, Seu Raimundo, conta outra! Aquele time de bacalhau? Pode crer. Está certo, a gente se vê, vou só ali na esquina, no boteco do Eduardo, o meu isqueiro está pifado. Não, não, se preocupa não. É bom pra espraiar um pouquinho, a noite está que é uma gostosura, olha só! A Rita? Deu uma saidinha, daqui a pouco está aí. Uma boa noite pro senhor, Seu Raimundo, e...ah, esqueci, e a sua filha, passou lá no vestibular? Só semana que vem? Diz pra garota meter as caras mesmo, porque pra quem tem estudo a coisa já está braba, que dirá então se não estudar! A gente se vê. Boa noite, recomendações à patroa. Agora vamos nós. Um deles está dando sinal de vida, ouvi o maligno daqui, tomara que seja algum lá da escola. Ali é mais claro. Que tesão sentir ele aqui no bolso da bermuda. Caminhar mais rápido, de repente, nunca se sabe, passa alguma patrulha, coisa rara por aqui, não iam querer me parar, cara de vagabundo não tenho. Mas não é bom brincar com o azar. Parece que vai esfriar, o que está demais é esse cheirinho, não sei que flor é essa, tenho que perguntar à Rita, mas como cheira gostoso! Bom demais, e engraçado é que é só de noite. São essas aí, branquinhas, um perfumezinho tão doce. Nem sinal daqueles dois namorados, tomara que vão se apalpar longe daqui, pelo menos esta noite. Lá está o diabo do bicho, é ele mesmo, já me viu, essa raça não é de fazer escândalo, só se a gente se aproximar demais.
Daqui já está bom. Não, uns dois passos mais, melhor assim, agora não tem erro não, safado! Ninguém à vista, janela do sobrado apagada, sai pra lá, gatinho, não é você que eu quero. Te prepara, condenado, chegou tua hora, fica assim mesmo, só olhando pra mim. Tira a minha fotografia, tira! Isso, não se mexa agora! O primeiro disparo tira um fino da grade do portão e faz aquele teeiiinnnc ressoante do metal, mas os outros dois pegam bem no meio da testa do encapetado, que não solta um grito sequer, só um rosnado meio rouco. Isso, estrebucha, que estou saindo de fininho! O negócio é papa fina mesmo, totalmente silencioso, um barulhinho de nada, ninguém apareceu, nenhum outro demônio latiu. Hasta la vista, baby, como diz aquele filme.
Voltar pra casa, que a carne assada da Rita deve estar uma maravilha. E por falar em carne, a outra, a da própria dona da casa, até que me cairia bem esta noite, estou estourando de felicidade. Mais um encapetado que despacho. Nem tremer o bicho tremeu. Com este de agora, se não me falha a memória, já são pra mais de vinte, contando aqueles lá do Engenho Novo. Cruz credo, amor, sabe o babado que está rolando aí pela rua? Diz que um cachorro do vigia lá da escola amanheceu com dois buracos de bala na cabeça. Mortinho, tadinho! Está rindo de que, Fofinho? Ah,.. com dois buracos na cabeça, claro que tinha que estar mortinho, né, Rita? Algum ladrão, na certa quis pular o muro, o bicho veio e o cara meteu o dedo, bandidão não brinca em serviço não, filha! Ladrão nada, filho, diz que o portão estava com corrente e cadeado, que ninguém mexeu em nada, acredita? Estou falando sério, benzinho, quase toda semana matam um cachorro a tiro aqui perto, e o pior é que ninguém ouve nada! Coisa esquisita. Dá uma pena! Diz que o sangue empapou todo o cimento da entrada da escola..., estou brincando não, bota essa mão boba pra lá, deixa de safadeza! Tão carente esse meu homem! Rita, ó, minha delícia de mulher, chega pra cá, chega! Estou tão feliz esta manhã, Ritinha, vem,...vem, neguinha..., esquece essa história de cachorro morto, minha cachorrinha!



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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

JOGO RÁPIDO






AFINAL O QUE QUER UMA MULHER?

Ao abraçar o namorado disse para si mesma que ele poderia ser melhor. Em seguida, concluiu: ainda bem que não é.





ADIVINHA QUEM NÃO VEM PARA O JANTAR

Aquela mulher o atraíra como nenhuma outra. Um convite para jantar? Fora de cogitação. Ele vivia engasgado com o sucesso dela.
 


 
 
A OUTRA

O que ela tem que eu não tenho?
Vinte anos.
 
 


 
O OUTRO

Inconformado com a separação, engole o orgulho e pergunta o que ela viu no novo amor. A mulher é direta:
Como pessoa física ou jurídica?
 


 
 
DOR DE COTOVELO SUSPEITA

Embora fosse bem casado, criava apenas músicas tipo dor de cotovelo. Fez tanto sucesso com as letras tristes que até a mulher desconfiou da felicidade conjugal.
 
 


 
ÚLTIMO SAMBA EM PARIS

Para reacender o desejo, alugaram um apartamento vazio. No primeiro encontro, riram como velhos amigos. No segundo, devolveram as chaves.
 
 


 
NASCIDA PARA DANÇAR

Casada com um diplomata, renunciou à carreira de primeira bailarina. Um ano depois, voltaria a dançar ao descobrir que era traída por ele.
 


 
 
VIDA DUPLA

Quem a viu – sempre amorosa com o marido – não a reconheceria como autora daquela carta trancada a sete chaves no fundo de uma gaveta.
 
 


 
PAIXÃO SECRETA

O marido interrompeu a leitura do jornal e sorriu para ela que, distante, nem notou, fixada na lembrança de outro sorriso.
 
 


 
FIM DE CASO

Deixou as janelas abertas e a velha chave na porta. A partir daquele instante, nada mais precisaria ser trancado, além daquela história.









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