Era
um copo de garrafa verde cortada. Cabia nele um mundo de especulações, ideias e
soluções para qualquer espécie de problema. Quando à mesa, acompanhava o passar
das mocinhas sorridentes, que andavam aos pares, trios, quartetos, cheias de
assunto e muita alegria, lançavam olhares furtivos e se retraiam como convém à
idade de menina-moça.
O
copo topava todas. Cheio até a borda das mazelas do mundo se empenhava em
destilada filosofia. Suas anedotas, declarações e discursos (copos adoram
discursar!) eram a graça do lugar até certa hora. Depois de trair e ser traído,
lá pelas três da madrugada, ninguém mais ouvia ou se importava com o copo. Era
a vez da vassoura e do “pé-na-bunda”. Do contrário, o copo amanheceria como de
fato amanhecia.
Um
dia o copo foi atravessar a rua e conheceu uma taça! A taça se dizia poeta...
Apaixonaram-se à primeira gota. Mas com o tempo era tanta lágrima que o copo
foi se enchendo e transbordou. Foi assim que caiu num bueiro, até que reciclado
virou CD. As canções? Nem se fala...
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Muitas lágrimas fazem transbordar... ainda bem que ficaram as canções! Gostei muito da criatividade e da condução da narrativa! Foi um ótimo momento de leitura! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada, Dalva, as organizadoras do espaço e a autora do texto agradecem a sua leitura e comentário. Volte sempre! Um abraço fraterno, inté!
ExcluirSim, um conto malandro e criativo, Meriam, e por isso mesmo fiz questão de tê-lo aqui. Muito obrigada por enriquecer o nosso espaço. Você e todos os demais convidados são sempre muito bem-vindos. Um abraço fraterno, até! P.S.: recebi um email de uma amiga elogiando muito o seu 'Nariz'. Parabéns!
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